Impacto Femoroacetabular

Descubra como a alteração no formato do fêmur ou do acetábulo causa lesões na cartilagem e no labrum e quais são as opções de tratamento minimamente invasivo.

A Síndrome do Impacto Femoroacetabular (IFA) é uma condição ortopédica que acomete o quadril e é caracterizada pelo contato anormal entre o fêmur (osso da coxa) e o acetábulo (parte da bacia). Esse contato é resultado de alterações na anatomia óssea que podem ser sutis, mas que, ao longo do tempo, causam danos progressivos às estruturas internas da articulação, como o labrum e a cartilagem.

Existem três tipos principais de IFA: o tipo Came (quando o problema está na cabeça do fêmur, que é ovalizada), o tipo Pincer (quando o problema está no acetábulo, que é “profundo” demais) e o tipo Misto, que combina as duas alterações. Essa conformação inadequada faz com que, durante movimentos de flexão ou rotação do quadril (como ao entrar no carro ou amarrar o sapato), ocorra um choque, ou “impacto”, entre os ossos.

Os sintomas que alertam para a presença do Impacto Femoroacetabular incluem dor na região da virilha (inguinal), que é a queixa mais comum. Essa dor é mecânica, ou seja, piora com certos movimentos e atividades, especialmente aquelas que exigem grande flexão do quadril, como permanecer muito tempo sentado ou praticar esportes que envolvam rotação e pivôs.

A progressão do IFA, devido ao impacto repetitivo, pode levar a duas lesões graves: a ruptura do labrum acetabular (uma cartilagem que funciona como um selo e estabilizador do quadril) e o dano à cartilagem articular. A longo prazo, se não tratada, a condição é uma das principais precursoras da artrose precoce do quadril, exigindo uma intervenção mais complexa.

O diagnóstico começa com uma avaliação clínica detalhada do ortopedista, que inclui manobras específicas para provocar a dor e identificar o ponto de impacto. O diagnóstico é confirmado por exames de imagem, sendo as radiografias (Raio-X) fundamentais para analisar o formato ósseo e a Ressonância Magnética crucial para identificar lesões nas partes moles, como a ruptura do labrum e a condição da cartilagem.

O tratamento inicial é quase sempre conservador para quadros menos sintomáticos, focando no alívio da dor e na reabilitação. A fisioterapia visa melhorar a estabilidade e o controle muscular, além de ensinar o paciente a evitar os movimentos de impacto. No entanto, se houver dor persistente, lesões labrais significativas ou progressão do dano cartilaginoso, a intervenção cirúrgica se torna a principal indicação.

A solução definitiva para o IFA é a Cirurgia Artroscópica do Quadril. Por meio de pequenas incisões (minimamente invasiva), o cirurgião consegue corrigir as deformidades ósseas do fêmur (osteoplastia) e do acetábulo, além de reparar as lesões no labrum e na cartilagem. Essa abordagem visa restaurar a anatomia normal do quadril, aliviar a dor e, o mais importante, preservar a articulação, prevenindo o desenvolvimento prematuro da artrose.